05
out
2016
Um quarto da área de soja já está plantado

Agricultores antecipam, cada vez mais, o início do cultivo da oleaginosa, para tentar evitar as geadas no milho safrinha. Expectativa dos produtores é que fatores internos provoquem a alta do dólar para antecipar a venda do grão

O plantio de soja da safra de verão 2016/2017 já foi iniciado nos 32 municípios da região de Maringá e, em alguns, já está na fase final, como em Ivatuba, onde 90% da área destinada ao grão já foram semeados, e Floresta, com 70%. Pelo acompanhamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, o plantio na região chegou a 25% e deverá avançar bem nesta semana, porque a chuva, que começou ontem não deverá ser forte o suficiente para impedir o trabalho das máquinas no campo e, a partir de amanhã, o sol deve voltar forte.

A estimativa do Deral é que a região plante 263 mil hectares com soja nesta safra. A área aumentou com os municípios de São Tomé e Japurá, da região de Cianorte, agora, integrando a jurisdição do Núcleo de Maringá da Secretaria da Agricultura.

Em todo o Estado, neste ano, serão plantados um total de 5,24 milhões de hectares, cerca de 40 mil hectares a menos que o contabilizado em 2015.

No Estado, a expectativa de produção está 11% maior, passando de 16,5 milhões de toneladas, na safra passada, para 18,3 milhões de toneladas, para a atual. Na região de Maringá, a produtividade deve ficar entre 3,3 mil a 3,6 mil quilos, por hectare; em sacas representa entre 55 e 60. Os números são semelhantes aos dos melhores da história no Paraná e bem acima da safra de verão passada, quando, por causa de um veranico na fase de preenchimentos dos grãos, excesso de chuvas às vésperas da colheita, e enchentes, que prejudicaram a produção nas margens dos rios, a produtividade caiu para 2.964 quilos, por hectare, pouco mais de 49 sacas.

A estimativa do Deral não prevê problemas no decorrer da safra. Dessa vez, o cultivo ocorre durante o fenômeno meteorológico conhecido por La Niña, que, dependendo da intensidade, pode resultar em muitas chuvas no Paraná. O que provoca debate entre os especialistas é que, geralmente, as chuvas, sob o La Niña, são mal distribuídas.

Ciclo adiantado

A soja, mais uma vez, será praticamente o único grão na safra de verão no noroeste paranaense, porque a região não tem tradição de plantar feijão e arroz e o milho deverá se resumir a raros plantios para consumo nas próprias propriedades ou para ser colhido verde, quase sempre destinado à produção de pamonha.

Segundo o economista Dorival Basta, do Deral, os agricultores da região adiantam o plantio a cada ano. O normal, até alguns anos atrás, era começar a plantar a partir da primeira chuva de outubro, mas ultimamente os municípios às margens do Rio Ivaí estão plantando em setembro. Neste ciclo, teve produtor em Floresta e Ivatuba plantando no dia 10 do mês passado.

Outro fato novo é o adiantamento do plantio no chamado arenito, que geralmente era a última região a semear, na segunda quinzena de outubro ou nos primeiros dias de novembro. Neste ano, em Flórida e Lobato alguns produtores anteciparam para o dia 10 de setembro, uma semana antes do fim do vazio sanitário.

O agricultor Giovanni Pirotti, que planta em Atalaia, diz que a pressa em antecipar a safra de soja é para que o campo esteja pronto para o cultivo do milho segunda safra, o "safrinha", que precisa ser plantado o mais cedo possível, no fim de janeiro ou primeira quinzena de fevereiro, para que esteja pronto para ser colhido até o fim de julho, quando há o risco de a agricultura ser atingida por geadas.

Pirotti e Ailton Picinin, que plantam em Flórida, foram os primeiros a antecipar o cultivo da soja no arenito, há dois anos, mas atualmente vários produtores seguem caminho semelhante, depois de constatarem que a antecipação não prejudica a produtividade, como se acreditava até algum tempo atrás.

Preço
O preço da soja está em torno de R$ 67, a saca. Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido Moreira, o valor reflete a expectativa de safra cheia e o dólar menos valorizado em relação ao ano passado. "O que vai definir o valor da safra daqui para frente será o comportamento do clima e o câmbio", diz. Muitos produtores ainda apostam numa valorização do dólar até a colheita no início do ano que vem para fechar os contratos de exportação.

 

Fonte: O Diário de Maringá
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