12
mai
2021
Pulgões do trigo: ocorrência e danos

Os pulgões, também conhecidos como afídeos, são insetos sugadores que ocorrem em todas as regiões tritícolas do Brasil, causando severos prejuízos à cultura do trigo e demais cereais de inverno. As espécies de pulgões variam dependendo da época do ano e da região tritícola. Dentre as de maior importância, incluem-se: Metopolophium dirhodum (pulgão-da-folha), Schizaphis graminum (pulgão-verde-dos-cereais), Sitobion avenae (pulgão-da-espiga), Rhopalosiphum padi (pulgão-da-aveia), R. maidis (pulgão-do-milho) e Sipha maydis (pulgão-preto) (Figura 1).

Conforme Salvadori & Tonet (2001), o desenvolvimento dos pulgões é favorecido em períodos de temperaturas amenas e com falta de chuvas. Sob tais condições favoráveis, as populações desses insetos podem crescer rapidamente, formando colônias sobre as plantas. As colônias são constituídas por fêmeas ápteras (ou seja, sem asas, adaptadas para reprodução) e aladas (com asas, favoráveis para disseminação pelo vento), além de ninfas com diferentes idades e tamanhos, visto que o inseto passa por quatro estágios ninfais até atingir a fase adulta (Figura 2). Além disso, os pulgões apresentam ciclo de vida extremamente curto, podendo completar uma geração por semana e originar até 10 ninfas/fêmea/dia.

Os pulgões podem causar danos diretos e indiretos aos cereais de inverno. Os danos diretos estão ligados à sua alimentação, como sucção de seiva, danos mecânicos nas células e tecidos devido à inserção dos estiletes, e reação das células a toxinas e enzimas secretadas pelo aparelho bucal do inseto. A espécie que se destaca quanto aos danos diretos é o pulgão-verde-dos-cereais (S. graminum), com potencial para causar severas reações nas plantas devido à ação tóxica de sua saliva. Já os danos indiretos estão relacionados com a transmissão de viroses, em especial o vírus do nanismo amarelo (VNAC).

As principais espécies de pulgões que atuam como vetores desse vírus são o pulgão-da-aveia, o pulgão-da-espiga e o pulgão-da-folha (Lau et al., 2008; 2009; Parizoto et al., 2013). Segundo a Embrapa (2019), a transmissão e ocorrência de VNAC no início do ciclo do trigo (Figura 3) podem ocasionar reduções de até 60% no rendimento de grãos da cultura.

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Em relação ao manejo dos pulgões na cultura do trigo, recomenda-se primeiramente o uso de cultivares com tolerância ao VNAC, em conjunto com tratamento de sementes. Inseticidas da classe dos neonicotinoides apresentam boa eficácia de controle para esses insetos sugadores, devido à sua alta solubilidade em água e capacidade de translocação no interior das plantas. O ingrediente ativo tiametoxam, por exemplo, pode ser aplicado tanto via tratamento de sementes (Cruiser®) quanto em parte aérea (Actara®), podendo ainda estar associado ao piretróide lambda-cialotrina (Engeo Pleno®). Incluem-se ainda entre os neonicotinoides os ingredientes ativos imdacloprido (Connect®), acetamiprido (Sperto®) e dinotefuram (Zeus®)

Considerando as variações anuais nas populações dessa praga, recomenda-se o monitoramento rigoroso das lavouras de trigo para nortear a tomada de decisão quanto ao uso de inseticidas em parte aérea, evitando assim custos desnecessários em anos que não são favoráveis ao ataque de pulgões. A Tabela 1 apresenta um resumo de critérios a serem adotados para o monitoramento e tomada de decisão no controle de pulgões em trigo.

Portanto, deve ser realizada a vistoria constante das lavouras de trigo, tanto nas bordaduras quanto no interior da área. A tomada de decisão deve ser baseada no número de plantas infectadas durante a fase vegetativa da cultura, e também na contagem de pulgões/espiga durante a fase reprodutiva, em diferentes pontos da lavoura. Somado a isso, a atenção deve ser redobrada em períodos secos, principalmente quando as cultivares de trigo utilizadas não apresentam tolerância ao VNAC; nesse cenário, torna-se ainda mais importante a realização de um tratamento de sementes adequado e, quando necessário, o controle via pulverização aérea.

 

Fonte: Mais Soja

Autor: Rodrigo Krammes

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