03
abr
2017
Estados Unidos insiste em cota isenta de tributos para vender trigo ao Brasil

Os Estados Unidos caíram para o terceiro lugar como fornecedores de trigo ao Brasil, neste ano de 2017. Nos dois primeiros meses do ano, embarcaram para o nosso país 78,41 mil toneladas, contra 114,02 mil tons do Paraguai e 821,87 mil toneladas da Argentina. Para reverter esse quadro, os norte-americanos estão insistindo junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para conseguir uma cota de importação isenta de impostos na ordem de 750 mil toneladas.

De acordo com a Consultoria Trigo & Farinhas, a Argentina está abocanhando cada vez mais do mercado brasileiro porque dispõe de trigo de excelente qualidade e preços competitivos, que chegam ao território brasileiro mais baratos do que o próprio trigo nacional (-5,39% em Santos e -14,58% em Fortaleza) e mais competitivos do que o trigo dos EUA (-7,14% em Santos e -6,65% em Fortaleza).

O governo brasileiro já havia rechaçado a proposta norte-americana, concordando apenas em rebaixar a alíquota consolidada de 55% para 37,5%. Representantes dos Estados Unidos e do Brasil trataram do tema essa semana na sede da OMC, em Genebra (Suiça).

“A proposta americana foi bem agressiva: queriam acesso ilimitado (em termos de volume) de trigo americano sem imposto algum por um determinado período do ano. Esta proposta, porém, foi contestada, pelos diplomatas brasileiros por três razões: a) se daria justamente durante a colheita de trigo brasileiro; b) muito provavelmente iria exceder as 750 mil toneladas anteriormente defendida pelos próprios americanos; c) ela geraria problemas com os sócios brasileiros do Mercosul, que teriam anulada a sua vantagem competitiva”, comenta o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco.

Ao par disto, um industrial brasileiro declarou à publicação uruguaia Monitor Agrícola que os Estados Unidos “estão lutando firme” para a aplicação da quota de 750 mil toneladas de trigo sem imposto, que seria um compromisso assumido pelo Brasil há 20 anos, na Rodada Uruguai do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio, na sigla em inglês).

Pacheco lembra que, para aprovar isso o Brasil teria que obter a concordância dos demais sócios do Mercosul. Segundo ele, o Ministro da Agricultura deseja liberar esta cota em troca da abertura do mercado americano para a carne bovina brasileira.

Como parte da pressão exercida pelos Estados Unidos, os delegados norte-americanos insistiram para que a OMC analise se os Leilões da Conab podem ser classificados como um subsídio às exportações. O pedido foi acompanhado por outros países do Hemisfério Norte e até do Paraguai. Se considerado assim, o Brasil poderia sofrer sanções.

 

Fonte: Agrolink

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