02
dez
2020
Como será o agro brasileiro em 2030?

O ano de 2020 foi atípico. Muita coisa parou, andou devagar, modificou, adaptou, mudou de planos. Esta não foi a realidade do agronegócio. A pandemia chegou em plena colheita de grãos. O setor não parou, pelo contrário, colheu uma safra gigante, acima de 257 milhões de toneladas e já planta outro recorde nas lavouras. A safra 20/21 deve somar 268 milhões de toneladas.

Resiliência? Também. Planejamento e força para garantir que não faltasse o básico, o alimento. O agro colheu, escoou, exportou, faturou, gerou mais de 100 mil empregos na crise, segurou a economia brasileira. E em dez anos é possível imaginar em que nível o agronegócio brasileiro estará?

Especialistas avaliaram os diversos cenários durante o 17º Agrimark, realizado na manhã desta terça-feira (1º) pelo Portal Agrolink, Agência e-21 e I-UMA. O evento teve espectadores de todas as regiões de olho no que a década pode reservar em economia, política internacional, tecnologias e sustentabilidade.

Para o professor da USP e FGV, Marcos Fava Neves, que falou sobre os desafios do agro para dobrar o superávit da balança comercial o Brasil deve se posicionar como Fornecedor Mundial Sustentável de Alimentos, Bioenergia e outros Agro-Produtos, como madeira e couro e aproveitando todo o potencial existente no país e a demanda do mercado internacional. “Fazendo o Brasil ser um país respeitado mundialmente por uma atividade nobre: a produção de alimentos. Para isto um conjunto de estratégias é necessária, tanto na variável de custos, como na variável de diferenciação e na importante variável de ações coletivas. Em cada uma destas três áreas, tomar ações estruturantes consolidará o Brasil neste posicionamento mundial, gerando desenvolvimento econômico e abrindo oportunidades às pessoas” destacou.

O professor do Insper, Marcos Jank, falou sobre os novos paradigmas do mercado internacional e citou alguns pontos que podem alavancar o país no mundo como o investimento em sistemas integrados de produção e melhorias em logística com a construção de ferrovias, gargalo antigo. “A ILP vai revolucionar, aumentando nosso potencial de três safras no ano”, acredita.

Já o presidente da Embrapa, Celso Moretti, destacou o trabalho da entidade em cinco décadas e como vem apoiando a agricultura brasileira com pesquisas, desenvolvimento de tecnologias, cultivares e, mais recentemente, com soluções sustentáveis, biológicas e que ajudam a elevar o potencial. 

Nesta questão de sustentabilidade, o Diretor de Sustentabilidade da Divisão Agrícola da Bayer, Eduardo Bastos, tratou da agricultura de baixo carbono. “A agricultura tem um papel estratégico diante de um grande dilema mundial: aumentar a produção de alimentos enquanto reduz os impactos climáticos de suas atividades”, disse. 

Nesse contexto, foi lançada a iniciativa Carbono Bayer, um projeto que busca criar um mercado de crédito de carbono para a agricultura com uma abordagem transparente, colaborativa e baseada em ciência, algo totalmente inédito. A iniciativa envolve aproximadamente 1.200 agricultores no Brasil e nos EUA, que estão recebendo assistência para a implementação de práticas agrícolas sustentáveis com foco em produtividade com baixo impacto climático, além de parte deles já ser remunerada pelo carbono sequestrado. O propósito do projeto é estar em linha com os desafios que o setor tem para os próximos 10 anos, cuja previsão é de um aumento de 27% na produção agrícola brasileira somente no cultivo de milho e soja, segundo dados do Ministério da Agricultura, enquanto trabalha para reduzir o consumo de recursos naturais e otimizar o uso de insumos. “Discussões como essas trazidas pela Agrimark Brasil, pautando as tendências e o mercado do agronegócio e projetando a próxima década, são fundamentais para pensarmos na melhor forma de enfrentarmos esse desafio,” finalizou.

Fonte: Agrolink

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