02
mar
2017
Goiás estima a produção de 10,5 milhões de toneladas de soja nesta safra

Embora as chuvas de fevereiro tenham reduzido o ritmo das colheitadeiras nas lavouras de soja em Goiás, o tempo mais aberto dos últimos dias está favorecendo o avanço da colheita, que já chega a 50% da área plantada, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO). Perdas por excesso de chuva não foram relatadas no estado, diferente de outras regiões do País, como no Mato Grosso.

A Aprosoja-GO estima uma produção total de 10,5 milhões de toneladas da oleaginosa, com possibilidade de revisão para cima no próximo mês, tendo em vista as condições favoráveis em campo e os resultados já obtidos na colheita. “Este é um ano bastante positivo, e devemos obter um crescimento na produtividade média do Estado, superando 53 sacas por hectare”, afirma o consultor técnico da associação, Cristiano Palavro. “Isso é normal já que não tivemos intempéries climáticas graves e os investimentos em tecnologia e manejo têm crescido substancialmente”.

Palavro atribui a baixa incidência de pragas e doenças nesta safra 2016/2017 justamente à efetividade dos tratos culturais adotados pelos produtores e dos programas de fitossanidade. Mesmo com registros de umidade alta em boa parte das lavouras, a ferrugem asiática, por exemplo, mostrou baixa presença e severidade em Goiás.

Comercialização lenta

Enquanto as máquinas em campo seguem aceleradas, a retração nas cotações da soja após a desvalorização do dólar e o início da colheita no Brasil está adiando o fechamento de negócios. Estimativas da Aprosoja-GO apontam a comercialização de cerca de 50% da produção, parcela menor do que a registrada (65%-70%) em igual período da temporada 2015/2016. “Muitos produtores retardaram as vendas aguardando melhores oportunidades, mas neste momento os preços estão em uma fase de baixa, incentivados pelo período de maior oferta com o avanço da colheita”, explica o consultor técnico.

Para o presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz Pereira, o atual cenário de comercialização é também reflexo das mudanças políticas e econômicas no Brasil observadas em 2016, que movimentaram o valor do dólar no País. “O produtor fechou poucos negócios de soja pela instabilidade no governo, que deixou o produtor sem saber se a moeda continuaria subindo ou não. Ficamos em uma situação difícil no momento de tomar decisões”, afirma Bartolomeu. “Agora, temos custos altos, pois compramos os insumos com dólar próximo a R$ 4 e estamos negociando soja com o dólar a R$ 3. O produtor está esperando que os preços voltem a subir para vender e conseguir diluir um pouco dos custos.”

Segundo levantamento de preços da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a soja está sendo comercializada no Estado à média de R$ 62,50 por saca. No mercado internacional, não houve alterações significativas no valor dessa commodity. O principal fator de incerteza é mesmo a cotação do dólar, que atingiu os patamares mais baixos dos últimos meses. Os relatórios econômicos estão revisando as previsões anteriormente mais altistas e, segundo o Top 5 do Relatório Focus do Banco Central desta semana, a moeda americana deve encerrar 2017 em torno de R$ 3,20.

Diante desse cenário baixista de preços da soja, mas com possibilidade de reação ao longo do ano, analistas de mercado recomendam ao produtor retrair suas vendas neste momento, e somente comercializar se necessário para quitar compromissos financeiros e débitos próximos do vencimento.

 

Fonte: Sfagro

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