28
ago
2015
Balança comercial mostra tendência positiva no PR

Valorização do dólar e queda na demanda por insumos da indústria devem garantir saldo para aliviar transações correntes

Após quatro anos, a balança comercial paranaense voltou a apresentar tendência a fechar o ano com saldo positivo, principalmente pela valorização do dólar em relação ao real. Com superavit de US$ 1,134 bilhão acumulado entre janeiro e julho, o Estado registra alta de 719,6% na conta de exportações menos importações, bem além do deficit de US$ 183 milhões do mesmo período do ano passado, conforme números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Nacionalmente, a corrente segue o mesmo sentido e economistas afirmam que é provável que os US$ 4,607 bilhões acumulados até julho sejam ampliados e representem a única boa notícia do ano, por aliviar o peso na balança de transações correntes do País.

Parte do superavit no saldo estadual se deve à maior queda das importações no período em relação aos sete primeiros meses de 2014. A redução foi de 24,3%, bem maior do que a diminuição de 11,6% nas exportações no mesmo comparativo. Por isso, a análise é que o alento financeiro precisa ser mantido por um período maior antes de ser comemorado.

Ex-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná e hoje técnico do órgão, o economista Eugenio Stefanelo afirma que, com a crise mundial a partir de 2008, caíram as transações comerciais entre países, situação agravada no Brasil pela manutenção da valorização do real ante o dólar até meados do ano passado. "Isso provocou uma desindustrialização na economia nacional e o único setor que teve bom desempenho foi o agronegócio", diz.

Com o avanço do dólar sobre o real neste ano, os setores exportadores foram favorecidos. Porém, as indústrias ainda estavam enfraquecidas pelos anos de preços pouco competitivos no exterior. "Essa taxa de câmbio mais alta estimula a exportação e ao menos diminui o ímpeto da desindustrialização. Se persistir por alguns anos, pode reverter o processo", explica.

Benefício parcial

O economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), lembra que os resultados de 2015 são fruto não apenas da valorização do dólar, que contribui para a desaceleração das importações para consumo direto, mas também da menor compra de componentes estrangeiros por parte da indústria, diante da desaceleração produtiva causada pela crise econômica. "Estão entre as maiores beneficiadas as indústrias que compram insumos no País, como a de madeira ou de papel, mas as que importam muitos insumos não têm vantagem direta", diz.

No País, o saldo diminuiu ano a ano até ficar negativo em US$ 3,959 bilhões em 2014. No Estado, é negativo desde 2011. "Hoje já se prevê saldo na balança nacional de US$ 10 bilhões a 12 bilhões para 2015", diz Stefanelo. O valor, completa Zurcher, reduz o deficit de transações correntes por ajudar a pagar a conta da importação de serviços, que sempre é negativa.

Nada que modifique muito o cenário de Produto Interno Bruto (PIB) negativo para o ano, diz a professora de economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e especialista em comércio exterior Maria de Fátima Sales. "A indústria automobilística, que é forte no Paraná, está em crise neste ano e demanda menos insumos, o que faz com que o saldo da balança fique mais positivo", explica.

Maria de Fátima lembra que os contratos na indústria costumam ser fechados para três ou seis meses depois, o que resulta em demora maior para que apareça o resultado econômico da valorização do dólar. "Também é preciso retomar clientes ou abrir mercados, então não é automático", conta.

Em baixa

Destacam-se entre os dez principais itens da balança de importações paranaense a queda de 47,6% de automóveis com motor de 1.5 a 3.0, de US$ 434,0 milhões de janeiro a julho de 2014 para US$ 227,4 milhões neste ano. E também a redução de 28,5% da compra de partes e acessórios para veículos, de US$ 181,5 milhões para US$ 129,7, no mesmo comparativo.

Pelo lado das exportações, também houve redução entre os principais produtos vendidos pelo Estado. A soja, por exemplo, foi de US$ 2,8 bilhões no acumulado de 2014 para US$ 2,1 bilhões neste ano, ou 25,5% menos.

 

Fonte: Agrolink

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