13
mar
2017
Análise de mercado do Trigo

O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 09/03, pouco trouxe de novidades. Enquanto a produção passada dos EUA foi mantida, os estoques finais para 2016/17 sofreram leve correção para baixo, ficando em 30,7 milhões de toneladas. O patamar de preços ao produtor local permaneceu entre US$ 3,60 e US$ 3,90/bushel para o corrente ano. Já a produção mundial de trigo foi elevada para 751,1 milhões de toneladas, com os estoques finais mundiais chegando a 249,9 milhões de toneladas. A produção da Argentina está estimada em 16 milhões de toneladas e suas exportações crescem para 10,1 milhões em 2016/17. Já a produção e a importação brasileiras de trigo permaneceram em 6,7 milhões de toneladas cada uma.

O fraco desempenho das exportações de trigo por parte dos EUA ajudou a enfraquecer as cotações durante a semana, somado à valorização do dólar no mercado mundial, a qual reduz a competitividade dos produtos estadunidenses.

Por outro lado, como fator altista continuou o clima seco nas Planícies produtoras dos EUA, o qual pode reduzir a produtividade das lavouras tritícolas locais.

No Mercosul, a tonelada de trigo para exportação continuou entre US$ 170,00 e US$ 190,00.
Já no Brasil o quadro de preços permanece muito ruim. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 28,44/saco, enquanto os lotes seguiram entre R$ 31,00 e R$ 32,00/saco. No Paraná, os mesmos igualmente estacionam entre R$ 36,00 e R$ 37,80/saco.

Os leilões realizados pelo governo apenas interromperam o processo de queda, mas não apresentam força para recuperar os preços. A tendência, portanto, segue sendo de um mercado estagnado nos atuais níveis, especialmente porque as importações, mais competitivas continuam entrando no país.

Segundo cálculos privados, para o trigo nacional voltar a ser competitivo frente ao importado, o câmbio no Brasil deve chegar a R$ 3,30 por dólar (cf. Safras & Mercado).

Por sua vez, o novo leilão de Pepro e de Pep, nesta semana, apresentou baixa demanda. “Para o leilão de Pepro, que apresentava recursos para escoar 170.000 toneladas, houve demanda para apenas 5.200 toneladas. Já para o Pep, havia disponíveis recursos para escoar 80.000 toneladas, os quais não tiveram procura.

Pelo lado do comércio exterior, a Secex informou que o Brasil importou 482.500 toneladas de trigo em fevereiro (o segundo maior volume nos últimos cinco anos para o mês de fevereiro). Assim, neste ano comercial, já ingressaram no Brasil 4,57 milhões de toneladas de trigo. Ao mesmo tempo, o Brasil exportou pouco mais de 209.000 toneladas de trigo em fevereiro, oportunizadas pelos leilões de subvenção realizados.

Enfim, um dado positivo para o trigo gaúcho (talvez) está no fato de que no Paraná, a liquidez tende a cair ainda mais, já que houve retração do desconto do ICMS, passando este de 10% para 4%, elevando o ICMS efetivo de 2% para 8%. “Com isso, a consequência tende a ser uma queda nas compras do cereal paranaense para outros estados, até porque para manter o mesmo nível de liquidez haveria a necessidade de retrações de preços para manter a competitividade, já que esta elevação no ICMS acarretará em maiores custos no momento das compras. O principal reflexo deverá ser por parte do estado de São Paulo, grande comprador do trigo paranaense, que poderá migrar tanto para uma maior parcela de trigo importado e/ou para o cereal produzido no Rio Grande do Sul” (cf. Safras & Mercado). Todavia, não se deve esperar grandes reações nos preços gaúchos devido a este fato, pois a tendência continua sendo privilegiar o trigo importado, mais competitivo até o momento.

 

Fonte: Agrolink

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